O segredo da desregulamentação da indústria é que o Estado não interfere no livre-comércio. No caso da Califórnia, por exemplo, revendedores de energia, como a Enron, poderiam elevar o preço como quisessem, enquanto as distribuidoras, aquelas que lidam direto com o consumidor, sofriam o limite de tarifas imposto pelo governo estadual. O ápice desse desequilíbrio de regulamentação foi o famoso apagão de 2001.
Porém surgiram dúvidas sobre um enorme e misterioso buraco em suas contas e a SEC (comissão responsável pela fiscalização do mercado acionário americano) começou a investigar os resultados da empresa. As ações da Enron começaram a cair. As operações de comércio da companhia se baseavam na maior parte das vezes em transações financeiras complexas, a maioria referindo a negócios que deveriam ocorrer vários anos depois, prática que inflacionava os seus lucros. Os operadores colocavam o valor das ações da companhia lá no alto, sugerindo que no prazo futuro essas ações iriam mesmo se valorizar, sem ter que justificar a remarcação do preço, era o mark-to-market, "marcar a mercado" que significa considerar os ativos de uma empresa tão valorizados que é possível liquidá-los a qualquer momento pelo preço corrente do mercado. As ações chegaram a valer cerca de US$ 85. Nos bastidores, porém, a empresa só dava prejuízos com projetos fracassados de internet e com usinas na Índia que nunca operaram.
Há indícios que altos executivos da companhia estavam envolvidos em fraudes, além dos principais bancos. Com o objetivo de maquiar o balanço da companhia, foi usado um complexo sistema de parcerias financeiras para esconder prejuízos. Eles supostamente tiveram grandes lucros vendendo suas ações antes que elas despencassem.
O então presidente dos Estados Unidos na época tinha relações próximas com Kenneth Lay (ex-presidente da companhia) que era chamado de "Kenny Boy" por Bush. Não existem indicações de envolvimento direto de Bush no escândalo, mas havia um vínculo entre o poder político e uma potência empresarial.
A empresa que a auditava era a Arthur Andersen o que contribuiu para o encobrimento da farsa.
Os empregados da empresa levaram prejuízo, além de perderem o emprego, pois suas economias estavam, na maior parte dos casos, investidas em ações da Enron."