«Na zona rural da África do Sul, o fim do apartheid significou muitas reformas agrárias que visavam redistribuir terras agrícolas pelas as pessoas ditas "coloridas".
Sob a pressão dos grandes fazendeiros brancos, pouco sentiram o efeito dessas reformas: 60.000 brancos possuem e gerem 80 por cento das terras aráveis.
Quase três décadas após o fim do apartheid, nada mudou no campo. Não em nome de uma ideologia racial que exclui os negros da economia, mas em nome das exigências do mercado internacional.
Africanderes e brancos (que representam 9 por cento da população) são donos e senhores do mercado agrícola, possuem todos os meios de produção e não está nos seus projetos, nem na sua mentalidade, permitir que os negros desfrutem de um negócio lucrativo.
O exemplo mais notável é certamente a indústria do chá vermelho ou rooibos: falamos de um mercado que conheceu em mais de 20 anos (desde o fim do Apartheid) um crescimento de 2.800 por cento, graças ao sucesso internacional desta bebida. Apenas 1 por cento dessas exportações vem de cooperativas dirigidas por negros, cooperativas que sobrevivem apenas através do comércio justo.
Com Tristan Lecomte descobrimos o trabalho dos membros da cooperativa Heiveld. Os seus métodos de colheita são caseiros, especialmente quando comparados com as plantações mecanizadas do africanderes. Eles contentam-se com terras mais hostis, abandonadas por proprietários ricos.
Não dispõem de infra-estruturas rodoviárias, mas através do comércio justo, mobilização e energia dos seus membros fundadores, as suas condições de vida melhoraram. Mas o que é mais importante para eles, muito mais que o benefício financeiro conseguido através do comércio justo, é a dignidade e a independência face aos africanderes.
Tristan Lecomte revela a vida destes pequenos produtores negros que, num ambiente hostil tanto a nível climático como social, lutam pelos seus direitos, pelas suas terras e por existirem no mercado do chá vermelho, uma planta que cultivavam muito antes da chegada dos colonizadores.
Eles são descendentes dos Khoisan, considerado um dos povos mais antigos na história da humanidade e que desde sempre utilizaram esta bebida, originária duma planta chamada Rooibos, cujo nome tornou-se recentemente propriedade intelectual de Rooibos Ltd., uma empresa que detém quase toda a totalidade do mercado.»
De Lampedusa à Arábia Saudita, a atualidade lembra-nos constantemente os riscos mortais assumidos por aqueles que procuram escapar da pobreza da sua terra natal.
A Etiópia, apesar do seu crescimento económico recorde, continua a ser um dos países mais pobres do mundo e, para evitar a emigração em massa, o governo proibiu os seus cidadãos de procurar trabalho através das fronteiras nacionais.
Que futuro para aqueles que não têm outra escolha a não ser viver num país onde o salário médio é de cerca de 18 euros por mês?
Tristan Lecomte leva-nos a descobrir um país surpreendente, onde as soluções para fortalecer a economia rural dependem dos pequenos produtores e, particularmente, dos produtores de café. Principal produto da economia, também é uma alavanca para o desenvolvimento. A partir da reunião dos agricultores, Tristan Lecomte dá-nos a conhecer a vida diária dos etíopes rurais e as mudanças positivas no país, conseguidas através dos pequenos produtores, mas também graças ao desenvolvimento de comércio justo.
Aqui, "fairtrade" assume uma dimensão económica crucial: é uma valiosa ferramenta que permite que cooperativas se desenvolvam, especialmente na região de Oromia, onde o comércio justo permite que mais de um milhão de produtores de café e suas famílias, tenham escolas, estradas e acesso a água potável.
Este dinheiro não é o fruto do preço "justo" pago pelos compradores estrangeiros por um dos melhores cafés do mundo, mas sim o prémio justo, um montante pago às cooperativas, uma vez que é gasto em projetos conjuntos de desenvolvimento.
O resultado é impressionante e é essa esperança e essa abordagem que Tristan Lecomte destaca neste episódio. Embora o país ainda precise de ajuda internacional para se alimentar, é principalmente para financiar projetos locais que permitem aos agricultores da Etiópia atender às necessidades das populações mais pobres da Etiópia.
Mais de 600 agricultores deixam a sua terra todos os dias para tentar a sua sorte nas grandes cidades do país e os mais corajosos desafiam a morte para se estabelecerem ilegalmente nos EUA.
Tristan Lecomte vai tentar compreender as razões para este êxodo rural maciço. A principal razão parece ser o ALENA, o acordo de livre comércio entre o México, Estados Unidos e Canadá. Tristan descobre que o acordo aduaneiro tem favorecido certos setores da economia mexicana, mas destruiu o setor agrícola, especialmente o mercado de milho.
Exportador de matérias-primas agrícolas, o país já perdeu a sua soberania alimentar. Uma solução foi proposta pelo semeadores: as OGM. O Supremo Tribunal do país proibiu permanentemente a cultura biogenética, mas em algumas regiões, mais de 33 por cento dos países estão contaminados com genes modificados.
Tristan Lecomte leva-nos a encontrar alternativas para aqueles que recusam as exigências das empresas de alimentos. Desde zapotecos a donos de restaurantes em Oaxaca, descobrimos com ele a ligação entre a biodiversidade de culturas e a diversidade cultural. Tristan Lecomte convida-nos a refletir sobre os ditames da indústria de alimentos.
E se o maior risco que representam as OGM não for o risco financeiro ou sanitário, mas a capacidade de destruir uma cultura secular, a história de um país que se construiu em torno do "grão dos deuses", o milho?»
«Tristan Lecomte, um atípico empreendedor social, conduz-nos até ao Peru, na selva amazónica. Os produtos que consumimos, e que são encontrados em supermercados, são responsáveis por 90_ da sua desflorestação. A agricultura intensiva destrói inexoravelmente as últimas áreas de floresta primária.
Com Tristan Lecomte, vamos até um afluente do Amazonas. Depois de vários dias de navegação, encontramos uma cooperativa de produtores que se tem concentrado no reflorestamento para aumentar tanto a qualidade como o rendimento do seu cacau. Eles provam que a floresta não é o inimigo do agricultor, mas sim um grande aliado.
Uma viagem ao coração de plantações de cacau, onde são mostrados os benefícios da agrossilvicultura, e como é produzido o melhor cacau do mundo.»
«Neste episódio, Tristan Lecomte leva-nos à Tailândia, o primeiro exportador de arroz do mundo.
Um dado é claramente notório: a região de Surin, principal área de produção de arroz da região, é a mais pobre do país. Os produtores de arroz muitas vezes não têm outra escolha a não ser enviar os seus filhos para Bangkok, a capital, onde somente a prostituição lhes permite sobreviver.
Tristan Lecomte elucida-nos sobre os mecanismos financeiros que regem o mercado de arroz, entrevistando os principais intervenientes do setor. A situação dos agricultores parece sem esperança.
No entanto, graças ao Rei, que tem criado numerosos centros de formação, e a audaciosos produtores de arroz, as coisas têm mudado. A agricultura biológica está em grande crescimento, permitindo um notório aumento de receita a quem a pratica.
Com Tristan Lecomte, descobrimos também o Sistema Intensivo de Arroz, um método que permite multiplicar por 10 o rendimento do arroz, sem a necessidade de inundar os campos de arroz e sem o uso de fertilizantes químicos.»
«Tristan Lecomte, leva-nos até às Filipinas, para conhecermos o funcionamento da indústria do açúcar. Com ele descobrimos como era, originalmente, uma luta de classes.
Tristan Lecomte mostra-nos o poder dos "proprietários", os "senhores da terra". Estes oligarcas pressionam o governo para preservar seus direitos feudais e escravizar toda uma parte da população rural.
Nesta situação, num outro tempo, homens e mulheres encontraram soluções engenhosas, alternativas para fazer ouvir a sua voz e viver uma vida de trabalho digna.
Uma viagem ao coração de um país corrompido pelas suas elites, que nos elucida sobre a verdadeira natureza do açúcar, tanto económica como socialmente. Um açúcar com um gosto amargo para 400.000 camponeses sem terra que cortam a cana de açúcar à mão, como fizeram os seus antepassados há 250 anos...»